sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

 Oi...

liguei para dizer que não precisa me esperar, o tempo está estranho e por hoje não pretendo voltar. 

Se puder, retire as roupas do varal, não deixe a luz de fora acesa quando a noite cair e se o frio chegar: feche as portas, as janelas e teu coração, eu não tenho pretensão de voltar.

Faça o teu jantar e não espere por mim, vista tua melhor roupa de dormir mas não conte com a possibilidade de eu ver e me excitar. Algo mudou por aqui -dentro de mim- e eu não sei se voltarei. Aprecie seu café sem a preocupação se eu peguei o jornal diário ou não, sem a pressa em pôr a mesa antes que eu precise sair para o trabalho.

Leia teus poemas, responda tuas mensagens e se aprofunde nos assuntos que lhe prendem a atenção porque eu não quero mais te prender. 

Eu saí com a mala pronta hoje de manhã, deixei para trás toda e qualquer dependência que eu tinha de você.

Eu não contei os passos, mas deixei as chaves embaixo do tapete de entrada para que tivesse certeza de que meu arrastar de chinelos já não faria mais barulhos pela casa. 

Eu lavei a xícara do meu último café e deixei a bancada limpa, sem nenhuma migalha ou vestígio de despedida. O amor esfriou enquanto o café fervia e meus olhos já não enxergavam mais nenhuma possibilidade de vê-lo voltar.

Esqueça os sais, as velas, o vinho e todo aquele romantismo que ensistiamos em plantar nas nossas sextas-feiras, o nosso amor se apagou feito um isqueiro sem gás que agora só faísca enquanto esperamos por uma chama saudosa capaz de incendiar qualquer coisa a sua volta.

A ligação já vai cair, mas meu coração continua batendo no mesmo lugar, torcendo para que você entenda a minha partida, que você prossiga seu trajeto sem a preocupação de levar alguém junto. 

Que suas manhãs sejam menos corriqueiras do que preparar o café para dois, que você não esqueça as roupas no varal e que se a chuva vier, você saiba lidar com os barulhos dos trovões mostrando ao universo a sua força em lutar por si e a tua paixão em continuar sempre por você. 

Eu não vou voltar e você não precisa esperar alguém que lhe traga a felicidade, aprenda a ser por você e se olhe com mais carinho. Não espera a campainha tocar ou o barulho da porta abrindo te acordar, doe meus discos e também meus livros pra não me recordar. 

Eu não vou voltar....


 - Josseny Kenny.

sábado, 14 de março de 2020


o tempo talvez fosse o remédio, se eu realmente quisesse alguma cura para tudo que senti e talvez ainda sinta por você.
a troca dos discos, a doação dos livros que te sublinhei sem ao menos imaginar que isso impediria que eu os lesse novamente sem que voltasse ao passado que eu já não quero mais lembrar.
a fuga talvez fosse a solução, uma mudança de planos, de endereço, identidade e até mesmo de cidade. para qualquer lugar em que os dias nublados não me lembrem a preguiça estampada nos seus olhos castanhos e no seu corpo estirado na minha cama rezando pra ser um sábado, um domingo ou feriado.
o esquecimento forçado talvez me ajudasse a apagar vagarosamente os teus sinais na minha memória, as canções que você ouvia e que ficaram impregnadas em cada momento que vivi contigo, mas e os teus sorrisos? onde encontro um jeito de apaga-los de mim?
tempo e cura, talvez fosse o casamento ideal de soluções se eu realmente quisesse ser curada de você, se eu realmente quisesse te apagar de vez de mim. eu não quero e não posso, seria como arrancar páginas da minha própria história.
que o meu remédio seja apenas a aceitação de que não eramos para ser, sem que eu precise me perder pra te esquecer, me esquecer pra te apagar ou matar qualquer sentimento que seja aqui dentro.
que a cura seja apenas um coração em obras e que o tempo seja apenas um aliado para um recomeço sem culpas, sem falhas e sem receios passados.
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@kennyjossenyjk
@jocitandoamor

sexta-feira, 13 de março de 2020


sem esse lance de sangrar ou me doer, sem essa expectativa de encontrar um romance clichê desses de filmes que insistem em nos roubar umas lágrimas. eu tô na vibe de viver, saca? viver sem essa espera, sem a tal busca da tal metade da laranja, tampa da panela ou par de meia como dizem por aí. meu clichê sou eu, inteira inclusive. minha expectativa tem sido a minha estabilidade emocional, meu aprofundamento em me conhecer e me aceitar por dentro, me amar por fora e saber me reinventar para milhares de outras histórias. histórias que eu ainda nem escrevi, talvez eu nem escreva, apenas as receba de portas e braços abertos em um dia qualquer.
eu tô nessa vibe de fluir, entende? sabe aquela música que pede pra gente deixar acontecer naturalmente? então, eu tenho deixado acontecer, e tem sido mágico reconhecer que não preciso esperar por ninguém para deixar acontecer, eu posso fazer acontecer. e tenho feito todos os dias, me olhando com mais fidelidade e respeito no espelho, me garantindo a independência de poder fazer o que me der vontade sem precisar colocar meus sentimentos ao fogo. abandonei essa história de princesa que precisa ser salva na torre mais alta da cidade mais distante possível da imaginação, eu mesma tenho enfrentado meus dragões, e o tal príncipe em seu cavalo branco que lute pra fazer parte do meu conto de fadas modernas.
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@kennyjossenyjk
@jocitandoamor

quinta-feira, 12 de março de 2020


deixe o seu recado após o sinal:
- Oi, sou eu, de novo e pela última vez. prometo.
eu precisava te ligar pra dizer que eu parei de plantar aquele monte de expectativas sobre você, sobre a gente, e sobre aquele monte de promessas que você me fez um dia. é, eu sei, tá meio tarde para esse assunto, e estava ficando tarde também pra eu finalmente decidir isso. sabe, as vezes a gente tem que sangrar, deixar o coração doer pra enfim aprender que o amor é algo que não deve ser cobrado, tampouco confundido com essas paixões passageiras feito chuvas de verão. eu precisava te contar que eu sangrei esses dias, que senti em meu peito aquela dor aguda como quem acaba de bater o dedinho na quina do criado mudo. mas hoje fez sol, o sangue tem cessado, e eu tenho enxergado melhor a situação em que nos deixamos entrar. só queria que você soubesse que, esse é meu último recado na sua secretária eletrônica, esse é o último áudio da minha voz e do meu amor. eu desfiz a horta das expectativas, dos planos e das ilusões, tenho mudado minhas plantações e até a primavera acredito eu, que novas cores ganharão o meu terreno, que agora será apenas um lindo jardim.
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@kennyjossenyjk
@jocitandoamor

quarta-feira, 11 de março de 2020


ei, eu sei que o barulho dos trovões assustam, eu sei que a ventania intimida e que a força da tempestade nos tira a esperança, mas não desanima não. por trás de todas essas nuvens cinzas se esconde um arco-iris. essa não é sua primeira tempestade, esse não é seu primeiro dia difícil, e se lhe conforta, você sobreviveu a todos os outros em que passou e essa tempestade, assim como todas as outras que você já enfrentou, também vai passar. talvez ela dure um dia inteirinho, uma noite também, mas ela não terá forças para durar para sempre. e por falar em força, eu sei que você tem forças suficientes para não desistir, para não se deixar levar pela enxurrada, para não abandonar teus sonhos e teus planos por causa de uma chuva forte ou um dia difícil. aproveita essa tempestade e permita que seus medos sejam levados com ela, lava tua alma e permita que apenas coisas boas fiquem em você e com você.
tempestades passam, trovões passam, ventanias também passam, mas você fica e no dia seguinte verá um lindo arco-iris colorindo o céu, a luz do sol também virá de lá, porém você poderá sentir ela saindo de você e terá toda certeza que és forte o suficiente para sobreviver e viver todos os dias independente de como eles amanheçam.
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Texto: @kennyjossenyjk
Arte: @poesia.me / @naananngel_



eu não quero esquecer você, mas também não quero lembrar. entre te matar em mim de vez ou te guardar, eu prefiro um amontoado de lembranças em uma caixa no fundo do guarda roupa ao ter que sangrar sem previsão alguma de parar.

então, te deixo vivo e vou parcelando minhas memórias, e o seu falecimento em mim também...
deixo que você acorde na minha memória vez ou outra, deixo que você passeie pelas salas que estão ficando cada dia mais vazias em meu peito, lhe permito a liberdade de ir e voltar conforme quiser em meus pensamentos.
e é enquanto você vai que eu traço planos para te ver partir de vez. é enquanto você adormece na minha memória que eu pesquiso aquelas tais 50 receitas que eu ouvi na canção que existem para nos fazer esquecer.
eu te lembro, mas não quero. eu te esqueço, mas também não me permito atropelar o tempo, eu sei que qualquer hora dessas, em meio aos descuidos ou planos, eu te mato em mim sem que eu precise sangrar ou me ferir.
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@kennyjossenyjk
@jocitandoamor

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Boa sorte pra você...


eu parei de me perguntar como anda sua vida quando enxerguei a minha parada, paralisada em uma esperança insuportável de te ter de volta.
eu parei de te escrever cartas, de acreditar que um dia os correios dariam conta de te entregar todos os pesos que elas carregam, ou carregavam.
parei de me importar com as inúmeras perguntas sem respostas. e parei também de te procurar por entrelinhas, nas ruas, em rostos desconhecidos e perfumes baratos. acho que a minha desistência a longo prazo hoje está quitando sua última parcela com todo o tempo de espera que me permiti encarar. talvez mais tarde eu sinta alívio, um pouco de saudade ou arrependimento, mas por ora, por agora, eu sigo na paz do reencontro do meu eu com todas as coisas que eu quis viver e me privei, das inúmeras possibilidades de escrever poesias sem que eu precise associar ao amargo da saudade e da falta que você me fez um dia. por agora eu só me pergunto como andará minha vida nos próximos minutos, e com a resposta pronta de que chegarei atrasada em cada um deles, pois estarei tão pronta a viver que farei de cada minuto uma eternidade bem além de seus míseros 60 segundos. e pra você, onde quer que esteja, eu só lhe desejo sorte.

Josseny Kenny.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O poeta é fingidor ou sente dor?


ela apagou as luzes e bateu a porta. do banheiro, pude ouvir o barulho das chaves sendo cobertas pelo tapete de entrada.
não teve despedidas, sequer um bilhete em cima do criado mudo, a única coisa que pude ouvir foi a nossa música tocando ao fundo, num volume tão baixo que até parecia ser distante.
como uma pessoa pode partir assim? 
e como se não bastasse me deixar o vazio da cama, ainda me deixa mergulhado nas tantas lembranças de um simples refrão.
ela foi sem me dizer adeus, até breve ou nunca mais. 
ela foi sem que eu pudesse perguntar o porquê ou tentasse convencê-la a ficar. 
ela foi e deixou canções, um perfume impregnado na casa, e alguns poemas jogados na mesa do jantar, que engraçado, ela me deixou poemas. logo ela que sempre dizia que ser poeta é pagar o preço de ser triste e só. que escrever poemas e poesias é uma passagem só de ida para a saudade dos nossos amores fracassados. 
ela foi e eu fiquei no escuro por um bom tempo, tentando encontrar qualquer desculpa que fosse para justificar tamanha desfeita a nossa história. tentando decidir se me embriagaria madrugada a fora em doses excessivas de café, ou se deixava minha dor descansar em palavras pra alguém ler amanhã de manhã, e se identificar, e sentir que nem sempre o poeta é fingidor, mas que na maioria das vezes ele realmente sente dor.

Josseny Kenny

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Sem coração partido, sem orgulho ferido...


sem coração partido, meu bem. sem orgulho ferido e sem qualquer resquício de desentendimento, o sentimento simplesmente esfriou, feito aquele café que passei mais cedo e acabou ficando na xícara enquanto a gente buscava justificativa para colocar um ponto final na nossa história.
sem culpa, sem erros. sem traições, o amor nem sempre acaba, mas a paixão esfria, o frio na barriga se perde enquanto a gente tenta se reencontrar.
siga em paz, e sem olhar para trás, lembre-se daquela canção em que Belchior dizia: "o passado é uma roupa que não nos serve mais", e o nosso sentimento talvez tenha crescido tanto ao ponto de não caber mais em nós. lembre-se da gente quando quiser sorrir, mas não se apegue ao que não voltará mais. guarde uma ou duas fotografias e deixe que as tantas outras se façam eternas apenas nas histórias que contará futuramente aos teus filhos, ou aos seus netos, quem sabe. essas histórias de paixões avassaladoras são ótimas para se ouvir, e a nossa foi, durou o quanto tinha para durar e foi eterna em cada milésimo de segundo em que existiu.
vai ser melhor assim, seguir enquanto o laço não virou nó. enquanto as lembranças ainda são boas. enquanto nossas canções ainda não perderam o sentido e a nossa lista de livros em comum não se tornou um descaso, porque você sabe meu bem, quem parte sempre leva da gente tudo aquilo que mais gostamos. e eu só quero seguir com teu sorriso em mim, com o teu entusiasmo ao ler pela primeira vez meu livro favorito. com a certeza de que fomos inteiros e ainda assim conseguimos ser encaixe um ao outro. que fomos verdade, que fomos de verdade o mais profundo possível do que possa significar o sentir. e é pela sensibilidade desse verbo que eu quero seguir. sem coração partido, sem orgulho ferido.

apenas seguir, com a certeza de que o amor estará indo comigo, e um pedaço meu estará ficando pra sempre contigo.

Josseny Kenny.

terça-feira, 23 de julho de 2019


eu digo que te esqueci,o silêncio inteiro da casa escuta. meu coração finge que acredita, meu olhar fixo no espelho parece rir da minha cara. digo que superei a saudade e que já nem lembro do teu nome. o meu interesse até disfarça um desinteresse. em vão.

eu digo que te esqueci, meu psicológico bugado me lembra que não. e de repente o silêncio da casa acaba e alguém dá play naquela tua risada que há tempos está gravada na minha memória. o tempo até parece não ter passado. mas passou...

eu digo que te esqueci enquanto faço um café e me recordo das tardes em que a gente só queria dividir a xícara e algumas histórias na varanda. eu digo que te esqueci e esqueço a água do café evaporando no fogo.

eu te esqueço enquanto me recordo. é em vão gritar aos quatro ventos que tua lembrança já não faz mais parte de mim, até quem não me conhece vê, até quem nunca te viu sabe que no castanho dos meus olhos teu retrato ainda dilata minha pupila e acelera meu coração.


@kennyjossenyjk / @jocitandoamor


segunda-feira, 27 de maio de 2019

eu esqueci você.



eu só queria te dizer que eu esqueci você.

eu esqueci aquela sua mania de romantizar nossa história como se estivéssemos livres das tempestades. de escrever cabeçalhos nas cartas com a certeza de que por ansiedade das suas palavras eu o pularia na leitura.

eu esqueci aquelas fotografias que você tirava em baixo de cerejeiras. das paisagens e cartões postais que você me mandava. não sei onde. se foi na gaveta ou na caixa de lembranças empoeiradas em cima do guarda roupa, mas eu juro que esqueci.

esqueci também todos os nomes daquelas poluições sonoras que te embalavam a escrever poemas na madrugada. e aquela canção do Biquíni Cavadão que eu tanto amava, mas que você acabou estragando pra mim.

eu esqueci teu vicio por café. sua tara por motos. os desenhos gravados pelo teu corpo e até aquele dragão que ocupava todo espaço das suas costas e uma parte do seu peito de pouca fé.

eu juro que te esqueci. no passar do tempo. no decorrer dos anos. mas não nego que seu numero ainda faz parte da minha agenda telefônica.
eu te esqueci, é fato. mas volte e meia ainda me pego vendo teus retratos...


    Josseny Kenny

quarta-feira, 6 de março de 2019

As cartas que não mandei



você é toda a saudade que eu não tive tempo de matar, minha vontade apressada de uma vida que só fez sentido entre fuso horário, noites em claro e poemas declamados. e talvez seja por isso que ainda te escrevo, na inútil tentativa que você me leia onde quer que esteja. para que saibas que de alguma forma você ainda existe aqui e que virou meu refugio te escrever todas as noites e guardar as cartas em um envelope qualquer, porque nenhum carteiro daria conta do peso da saudade que elas carregam.

ainda te escrevo para aliviar a tensão dos dias corriqueiros, com o coração apertado, preso na esperança de que a qualquer momento irá me responder, preso na certeza de que consegue ouvir meu silencio quando o sono te abraça e te faz sonhar com todos os planos empoeirados que você deixou aqui.
consegue perceber? os anos passam, voam, e as lembranças continuam intactas, a saudade de uma vida que eu não vivi, a vontade insuportável de um abraço que não deu tempo sentir. eu me reponho no caminho disposta a seguir, mas me boicoto ao lembrar de tudo que poderíamos ser e não fomos, do tanto que poderíamos ter e não tivemos, do quanto tínhamos à viver e nos velamos. matamos. nos enterramos. colocamos o ponto final em uma história sem ao menos por espaço para um possível paragrafo.
você é toda a minha tentativa fracassada em falar de amor, porque embora os rumos nos sejam contrários, sempre terá algo sobre você entranhado nas entrelinhas de tudo aquilo que eu digo, escrevo e espero...

Josseny Kenny

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

quando tudo à sua volta estiver contrário aos seus desejos, eu desejo que você continue perseverante, que possa olhar para traz e ver o quão forte você é.
quando os dias nublados chegarem, estarei torcendo para que você não desista de esperar pelos dias de sol. que o frio não chegue ao teu peito, que as nuvens escuras não apaguem a luz dos teus olhos.
as tempestades às vezes são necessárias para que a gente descubra o quão forte podemos ser, o quão longe podemos ir, e olha, tempestades são passageiras e eu só desejo que você não desista, que insista, que acredite, que confie, que lute, que siga, que passe esse tempo ruim, que você vença.