Nunca quis correr contra o tempo e agora me vejo torcendo pra ele voar, eu que nunca tive medo de perder, tô aqui cruzando os dedos pro tempo não te levar... Não te carregar como essas folhas secas que se perdem de seus galhos no outono. Eu nunca quis mergulhar em mares que eu não pudesse nadar de forma segura, e me vi pisando no raso procurando alcançar vagarosamente tua profundidade sem ter que te assustar com a minha eufória, meus excessos de sentimentos prontos a se manifestarem feito confetes em festa infantil. Me pergunto quase sempre o que aconteceu com aquela calma em passar o tempo desejando apenas que o dia corresse sem eu precisar me apressar, onde foi parar aquela coragem de dizer que o medo de perder era coisa pra gente egoísta, mudei muito depois de você e aprendi muito contigo também, prova disso é esse meu desejo sem fim de esbarrar com teu sorriso por aí, essa minha ânsia de te entregar todo o amor que você não teve, que talvez nunca chegou a conhecer ou saber que poderia existir, minha pressa de ver tua felicidade transbordando alma a fora, essa minha torcida sem tamanho de ver tua vida estacionando na minha, tô aqui relendo coisas antigas, conversas aleatórias e trechos grifados de um livro que você me deu, tive que jogar tudo de lado e de algum jeito deixar registrado o que tua chegada me causou, o som tá ligado, a música não é a mesma que tocou de manhã mas continua sendo uma das suas bandas favoritas invadindo meu quarto, queria saber quem agora tem povoado teu pensamento, se você reparou o céu e por algum descuido louco lembrou de mim, tô aqui brigando com o tempo pedindo que ele se apresse em te trazer pra casa antes que a saudade tome seu lado na cama e se impregne no meu peito.
- Josseny Kenny.