quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

O poeta é fingidor ou sente dor?


ela apagou as luzes e bateu a porta. do banheiro, pude ouvir o barulho das chaves sendo cobertas pelo tapete de entrada.
não teve despedidas, sequer um bilhete em cima do criado mudo, a única coisa que pude ouvir foi a nossa música tocando ao fundo, num volume tão baixo que até parecia ser distante.
como uma pessoa pode partir assim? 
e como se não bastasse me deixar o vazio da cama, ainda me deixa mergulhado nas tantas lembranças de um simples refrão.
ela foi sem me dizer adeus, até breve ou nunca mais. 
ela foi sem que eu pudesse perguntar o porquê ou tentasse convencê-la a ficar. 
ela foi e deixou canções, um perfume impregnado na casa, e alguns poemas jogados na mesa do jantar, que engraçado, ela me deixou poemas. logo ela que sempre dizia que ser poeta é pagar o preço de ser triste e só. que escrever poemas e poesias é uma passagem só de ida para a saudade dos nossos amores fracassados. 
ela foi e eu fiquei no escuro por um bom tempo, tentando encontrar qualquer desculpa que fosse para justificar tamanha desfeita a nossa história. tentando decidir se me embriagaria madrugada a fora em doses excessivas de café, ou se deixava minha dor descansar em palavras pra alguém ler amanhã de manhã, e se identificar, e sentir que nem sempre o poeta é fingidor, mas que na maioria das vezes ele realmente sente dor.

Josseny Kenny

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